sábado, 27 de janeiro de 2018

QUEM TE VIU, ENSEADA

O amigo Peter, através do canoadepau.blogspot.com, nos esclarece a respeito da situação - triste! - em que se encontra a nossa querida praia da Enseada, vítima dos mandos, desmandos e descasos da empresa que lucra muito com o monopólio da água em Ubatuba. A questão que fica é: quem são os acionistas da Sabesp?

Deu merda no emissário da Enseada

Não é de hoje que o emissário submarino da Praia da Enseada em Ubatuba opera por meio de gambiarras. Faça uma visita e veja as marcas de cloro derramado nas paredes. Desde o ano de 2014 eu já faço denúncias neste blog: Leia aqui
Construído e implementado em 1985 pela Associação de moradores locais e repassado para a SABESP operar, a princípio ele supriu a demanda de esgoto local. Com o aumento exponencial de residências e prédios nessa praia nos últimos 15 anos, o emissário hoje não suporta mais a quantidade de esgoto gerada.
Para piorar esta situação, a manutenção durante estes 35 anos de operação resume-se a algumas pinturas, trocas de tampas de aço e milhares e milhares de litros de cloro puro despejados no mar.
Mangueiras comuns presas com arames hoje substituem a tubulação original e volta e meia escapam causando o derramamento de cloro puro diretamente na areia da praia e na passagem de pedestres podendo causar acidentes e queimaduras nos transeuntes.

Tem até uma playlist com vídeos de vazamentos do emissário: Assista aos vazamentos aqui


Vazamento registrado em 21 de dezembro de 2004, logo após a única grande reforma realizada.

Vazamento em 29 de dezembro de 2015. 11 anos somente de tinta.
Na verdade o emissário apenas "varre" pra debaixo d`água o esgoto junto com cerca de 200 litros de cloro por dia. (Não sei o que é pior para o ambiente o cloro ou a merda). Aí você pode pensar: -"Pelo menos o esgoto é despejado bem longe da praia"... Sabe de nada inocente!!! O esgoto é lançado a míseros 130 metros da linha da areia (foto ponto 1). Ou seja, qualquer ventinho sul, ou mesmo um dia de pouca correnteza, fazem com que a merda encalhe na área dos banhistas.

Nesta temporada de 2017-2018, também descobri mergulhando que o cano está furado bem perto da areia, a apenas 50 metros da praia apareceu um furo que lança o esgoto muito mais perto ainda e que dá pra ser visto de longe (foto ponto 2).

Também acredito que a SABESP tem conhecimento deste vazamento pois em 09 de janeiro último uma equipe de pesquisa apareceu logo cedo na praia e passou todo o dia a bordo de um enorme barco fazendo medições sobre a tubulação do emissário.
Não seria obrigação da empresa de saneamento alertar os banhistas e a CETESB sobre este vazamento tão perto da areia? Não caberia multa da CETESB sobre a SABESP por esta negligência?

Desenho técnico de especialista recomenda um mínimo de 300 metros de Zona de Proteção da influência do esgoto da "Pluma". Na Enseada tem apenas 130 metros dos Difusores, ou seja, nadamos dentro da Zona de Mistura (merda com cloro).

Equipe fazendo vistoria encomendada pela SABESP .


Uma solução seria aumentar em no mínimo 750 metros a tubulação em direção Oeste, para o centro da Enseada do Flamengo.
Outra solução seria terminar definitivamente o projeto da ETE do Perequê Mirim e desativar o emissário.
Mas o que importa para os acionistas da SABESP é mesmo o lucro, que aliás bate recordes todos os anos.

Notícias relacionadas:
http://oubatubano.blogspot.com.br/2011/02/sem-prazo-definido-sabesp-promete.html

https://marsemfim.com.br/litoral-de-sao-paulo-e-saneamento-basico-1/

Licitação / Contrato de serviço de limpeza subaquático 2017.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

QUALQUER SEMELHANÇA É MERA COINCIDÊNCIA

Tô de olho (Arquivo JRS)



               Uma prosa nada apaixonante, numa esquina muito especial:

          - Agora, querida, nós estamos numa boa.
          - Por que, meu bem?
         - Porque o Zé Debruço morreu. Só ele poderia me atrapalhar na retirada de aterro daquele lugar.
          - Então agora nós vamos enricar, né?
      - É isso mesmo! Ao preço de R$ 250,00 a viagem, vamos ganhar muito dinheiro!

               É como se dissessem: “Ainda bem que ele morreu!”. Pesquisando no Arquivo Tarcísio, fiquei sabendo que o Zé Debruço, o velho, era tesoureiro da Basílica de Aparecida, onde circula muito dinheiro. Por isso que, quando morreu numa colisão na rodovia (Dutra), seus restos estavam misturados com tantas cédulas. “Era só barões e barões que se via entre os destroços, espalhados na pista”. Depois disso, seu filho (com o mesmo nome) enxergou um filão de ouro no litoral, onde os brejos e mangues estavam sendo aterrados para a construção de casas para os turistas. Sedento por dinheiro e fama, procurou se fazer amigo dos políticos mais fortes. Em seguida, pesquisou um lugar onde houvesse uma boa reserva de barro para ser retirado. A posse do Zé Macaco, naquele recanto do bairro, era ideal. Fez um contrato com o pacato cidadão e, durante anos pagou uma mensalidade pela retirada de tanto material, de onde veio seu primeiro milhão que financiou algumas campanhas para determinados candidatos. Porém, assim que Zé Macaco faleceu, Zé Debruço  deixou de pagar qualquer coisa à viúva e entrou na justiça pelo direito de posse. Mas os descendentes do falecido não se esmoreceram. “A causa está na justiça. Por isso que até hoje as terras não podem ser cercadas. Também por isso a retirada de barro do morro está embargada há muitos anos”.
               Só sei dizer que, graças às amizades – e patrocínio! - com determinados políticos eleitos e reeleitos, Zé Debruço obtinha certas liberdades e garantias, conseguindo períodos de retiradas de material nas terras do Zé Macaco. “Teve tempo em que, as máquinas e caminhões dele trabalhavam desde o clarear do dia até o anoitecer”. Mas, ao mesmo tempo que estava nesse filão, o Zé foi cavoucando outros (transporte de cargas e de passageiros, imóveis etc.). “Você precisa ver a casa dele! É uma mansão, no alto do morro, de onde se tem uma vista maravilhosa de todo mar!”.

               Mané do Frango, um nativo muito honrado, prevê o que parece ser inevitável: “Na última conversa que eu tive com o Zé, ele se queixava desse prefeito, ‘ninja obturador’, que não quer facilitar as coisas, impedindo a retirada de material. Agora, meu amigo, não é só o ‘Tubérculo’ que está de olho naquele pedaço de terra. Tem mais gente que está doida para entrar ali, para ocupar o que agora é entendido como terra de ninguém”.
               É, pode ser. É assim que tem acontecido no nosso entorno. Há muito tempo escreveu o poeta Mário Quintana: “O mal, tu bem sabes que já tem sido praticado, ao correr da História, com os mais sagrados desígnios. E o que assinala e caracteriza os servos do Diabo, neste nosso inquieto mundo, não é especificamente a maldade: é a indiferença”.
              Enfim,é terra caiçara! Não tá abandonada! Conforme aviso na porta do coitado: "Tô de olho!"

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

AMIZADES MUNDO AFORA

Caminhada da Juventude Operária - Santo André 1987 (Arquivo JRS)

Claude, um amigo canadense (Arquivo JRS)

               De vez em quando a gente encontra amigos que há muito não tempo não víamos, mas também acontece de os amigos nos encontrarem.
               Eu costumo dizer que duas coisas valem muito a pena nesta vida: viagens e amizades. É comum eu pensar nas pessoas e nos lugares que fizeram  -fazem! -  parte da minha história: são experiências fantásticas, que me recordam de coisas boas demais!
               Nesta semana, quando dei uma fugidinha até a Barra Seca no final da tarde, recebi mensagem da minha filha me avisando de um amigo que passou em casa para me visitar. “O nome dele é Ivan, de Santo André. Está hospedado na Enseada; deixou o número do telefone”. Na hora me recordei do Jardim Carla, quase Vila Luzita, cheia de morros, de onde o conheci. Lembrei-me da rua: Hamurábi. O Ivan era um jovem que participava de tudo, questionava muito a partir do contexto em que vivia. A mãe do Ivan, dona Eunice, era uma liderança na comunidade, um bairro só de trabalhadores, onde circulavam os ônibus fretados para operários das indústrias da região. Nesta rua também morava um companheiro de obra, o Zé Antônio, que sempre me convidava para uma visita. “Aparece lá para tomar um café, Zé. O meu barraco fica na rua Murada, número 205”. Era na Hamurábi. Quem mandou denominar a rua com nome tão esquisito!?! No mesmo dia, à noite, o Tio Nelson me deu o recado de que um conhecido meu, de Santo André, tinha procurado informação sobre mim com ele, no ponto de táxi. Na hora pensei: “Deve ser o Ivan”. Era mesmo! Depois ele me contou: “Cheguei no ponto de táxi e arrisquei, era uma sorte em um milhão. ‘O senhor conhece o José Ronaldo?’. ‘Conheço, é meu sobrinho!’ Que sorte! Ele me explicou como chegar na sua casa”.  Ah! Também pudera! Naquele ponto (da rodoviária grande) todos são conhecidos! Tem ainda o Guto, o Alessandro, o Trindade, o Elias, o Rosalém... Todos me conhecem. A última vez que eu encontrei o Ivan foi no ano de 1990! Faz tempo, né?
               O Ivan casou-se com a Mara, outra amiga daquele tempo: ambos participavam dos movimentos comunitários em Santo André. Agora ele é funcionário na prefeitura de lá e ela é professora pública. Uma filhinha linda dá-nos a certeza de que a luta continua!
               Ah! Que prazer essas lembranças e este reencontro!

               

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

FOLIA DE REIS

Escola do Tinga (Imagem J.C. CURTIS)

Reis na Estufa - 1982 (Arquivo JRS)

            Conforme a tradição da religiosidade popular, se celebra em seis de janeiro o Dia de Santos Reis. Os caiçaras, desde os tempos mais antigos, começam as cantorias no primeiro dia do Advento (início de dezembro) e, geralmente, em Ubatuba, na igreja matriz, fazem o grande encontro das folias na noite do dia seis. Antigamente, depois disso, as folias faziam uma cantoria festiva no dia dois de fevereiro, quando se comemorava o dia de Nossa Senhora das Candeias. Hoje isso já não ocorre. 
             Hoje, reproduzo o texto publicado n'O GUARUÇÁ, onde a escola do bairro do Tinga, em Caraguatatuba, dá essa importante contribuição na valorização desse importante aspecto da nossa cultura. Parabéns a todos os envolvidos!


Festa de encerramento da Folia de Reis

A manifestação religiosa celebra o fim do ciclo natalino e reproduz a passagem bíblica em que Jesus Cristo foi visitado pelos Reis Magos Melquior, Baltasar e Gaspar.A Cia. de Folia de Santos Reis de Santo Antônio, do bairro do Tinga, realiza neste sábado (06/1), a partir das 16h, na EMEF Lúcio Jacinto dos Santos, no Tinga, a 18ª edição da Festa de Folia de Reis de Caraguatatuba.
O cenário da festa reproduz o caminho dos reis até o presépio e conta com missa solene e um jantar produzido com alimentos doados pelos donos dos presépios visitados durante o mês de dezembro e outros parceiros, que é oferecido a toda comunidade.
A Companhia é formada por músicos que tocam violas, cavaquinhos e pandeiros, entre outros instrumentos, além dos integrantes que representam os anjos, as virgens, a Rainha (Virgem Maria), os palhaços, os sentinelas, o Rei Herodes, os três Reis Magos e os Alferes que carregam a bandeira com a imagem dos Santos Reis. A coroação dos novos rei e rainha também é destaque da festa.
A 18ª Festa de Folia de Reis de Caraguatatuba é uma realização da Cia. de Folia de Santos Reis de Santo Antônio do bairro do Tinga com o apoio da Fundacc – Fundação Educacional e Cultural de Caraguatatuba e da Prefeitura de Caraguatatuba.

Sobre a Cia. de Folia de Reis
A Cia. de Folia de Reis de Santo Antônio do Tinga foi criada em 1998 por Francisco Paulo da Silva, seu irmão Antônio Francisco da Silva e por José Cardoso da Silva, que desde 1963 já participavam de outros grupos de Folia de Reis em São José do Barreiro (SP).
Os três ensinaram aos moradores do bairro Tinga o verdadeiro significado desta tradição. Atualmente, o grupo conta com 20 integrantes e tem se apresentado todos os anos nas casas de pessoas que montam presépios e que solicitam sua visita, cantando versos em comemoração ao nascimento do Menino Jesus e a visita que lhe fizeram os Reis Magos.

18ª Festa de Folia de Reis de Caraguatatuba
Data: Dia 6/1, sábado
Local: EMEF Lúcio Jacinto dos Santos
Endereço: Rua Denilza Sebastiana dos Santos, 75, Tinga
Entrada franca
Classificação livre

Horários:
16h00 – Chegada da Bandeira
17h30 – Missa Solene
18h30 – Saudações ao Presépio
20h00 – Jantar
22h00 – Passagem da Coroa
23h00 - Baile


(FONTE: O GUARUÇÁ)