quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

DONA HAMAKO

"Meu pai adorava escrever" (Arquivo Harumi)
            Hamako Nishi Honda (15/02/1925 – 27/05/2015), a nossa querida Dona Maria Helena, em suas anotações, passa um pouco do que foi a vida vivida por imigrantes entre caiçaras de Iguape,  Sete Barras e outras no litoral sul do Estado de São Paulo. De vez em quando volto a ler o Caderno de Hamako para me recordar das nossas lidas de outros tempos e das gostosas prosas com essa mulher tão simples, tão nossa.
           
                  Imagino a cidade de Iguape em outros tempos e agora; que me faz recordar dos  amigos Telles, Denivaldo, Wilson, Fisher, Colaço..., dos bananais, da pesca da manjuba, do professor Diegues, da arquitetura colonial, do pessoal que adora fandango, das canoas desafiadoras, da religiosidade do povo, das experiências cooperativas de sustentabilidade... Enfim, Iguape de tantos caiçaras!

As pontes               
       Onde meu tio Matsumi morava chamava-se Quilombo. No Quilombo tinha dois rios. Meu pai é quem fez a ponte, depois de tirar madeira no mato com o camarada que trabalhava com ele. O rio era grande, bem largo, tinha mais ou menos cinquenta metros cada um. Eu gostava de contar as tábuas quando tinha. A ponte era bonita, tinha parapeito para as pessoas não caírem.

A mudança        
               Nos mudamos para a Barra do Etá. Fomos em três pessoas adiante: meu pai, meu irmão Tamotsu e eu. No rio Ribeira de Iguape, que passava em frente de casa, entrava o rio Etá [se encontravam].
               A água do rio Ribeira era escura; a do rio Etá era clara. Nós usávamos a água do rio Etá. Levávamos a água desse rio para fazer comida e para o ofurô também. Eu carregava a água com duas latas de querosene nos ombros. Chama-se tembinabo. Era mais ou menos assim:
 

               A distância era mais ou menos cinquenta metros de casa. Eu subia o morro com as latas. Lavava roupa no rio. Tinha a canoa para ficar dentro dela. Como eu ainda era pequena, era difícil lavar roupas do meu pai e do meu irmão.
               No começo ele plantava arroz. O padrinho da minha irmã tinha emprestado um pedaço de terra para a plantação de arroz. Meu pai e meu irmão fizeram a cerca com arame bem firme e  passou [arou] a terra para ficar bem fofa e poder plantar sementes de arroz ou outras coisas. Depois toda gente veio morar juntos. Aí ficou melhor porque todos ajudavam.


Um comentário:

  1. Meu querido amigo Zé Ronaldo, andei tropicando por aí em meio ao corre-corre da vida. Mas, há alguns meses que a sua falta vem me incomodando, e da dona Hamako, então... até nos meus sonhos ela vem, enche-los de vida!!! Acho que estou também sentindo cheiro de saudade. Quero agora encher o ar com cheiro de encontros!! Bora fazer uma trilha?

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