quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

ANO NOVO... PÉSSIMOS HÁBITOS

Era um salão nobre, local de tantas eventos! (Arquivo JRS)

427 hectares de ecologia! (Arquivo Luzia 1982)

               Não é de hoje que notamos a degradação ambiental em nosso litoral. A cada ano que passa se  cumpre a profecia de alguém lá do passado, do começo do século XX. Dizia o meu pai que o avô dele era analfabeto, viveu entre as lidas da pesca e da roça na praia do Pulso, só vinha de vez em quando na cidade, mas dizia coisas inacreditáveis: “Por aqui terá uma estrada, passarão muitos carros e construirão muitas casas. Os bens serão baratos, existirão em quantidade que nem dá para imaginar, fazendo com que muita gente os tratem como descartáveis. Mas eu não estarei vivo para testemunhar isso”.

               Hoje me recordei disso porque está evidente que o descarte de lixo pelas esquinas, em terrenos baldios, nas margens da rodovia, nos rios, nas praias etc. está cada vez pior. E o que dizer das invasões na Mata Atlântica, das derrubadas de morros para terraplanagem etc.? Elas só aumentam! Agora, na temporada de férias das crianças, parece que redobra o desafio de ensiná-las como não se comportar, deixar de seguir os péssimos exemplos perante a natureza (que é tão importante para nós e essencial para a vida).

               O assunto hoje é a Estação Experimental de Ubatuba, ou Horto Florestal. (Pode até ter outro nome, mas foi assim que aprendemos desde criança). O local se apresenta como um cenário desolador, com pouquíssimas pessoas na manutenção, sem as pesquisas de outros tempos... Acredito que a atual administração da Unidade de Pesquisa está fazendo o máximo, mas o governo estadual parece sustentar outros projetos. Que Estado é este? Olho para um lado o mato está invadindo, para o outro avisto as ruínas de um salão que até o ano 2000 ainda era nobre, com agenda sempre repleta de eventos. Adentrando, na área dos bambuzais quase não se distingue as variedades que ali resistem. Me senti desolado onde havia mais de uma centena de variedades de mandioca em estudos há menos de vinte anos. O caminho antigo, que partia do terreno de secagem de café e nos levava ao “Carreiro das Antas”, já se perdeu na mata crescida. Nem a plantação de erva mate eu consegui distinguir na minha última caminhada que fiz. Me parece evidente que essa área pública está sendo preparada para ser privatizada. Aí, alguém (pode ser até estrangeiro) vai ganhar mais dinheiro, aumentar seu capital nesse nosso patrimônio, onde tantos caiçaras e caipiras trabalharam; onde ainda tem, além da flora e fauna, resquícios do nosso passado. Pergunto: Por que o município não tem funcionários profissionais em História e em Arqueologia? Por que não tem um projeto de Turismo Cultural? 

               Enfim, o ano pode ser novo, mas os hábitos velhos de cobiça, de descartar o lixo em qualquer lugar, de sujar em todos os sentidos continuam. Pensemos nesta geração e nas futuras. Pensemos em Ubatuba. Pensemos na natureza preservada, com um potencial imenso de vida e de riquezas!

               Ah! Sabe que uma grande riqueza do “Horto” é a Fonte da Amizade? Que tal conhecê-la? (A placa já se foi, mas continua valendo o lema: A natureza criou. Nós oferecemos. Ajude a preservar).

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