sábado, 21 de março de 2015

CLARO QUE ME LEMBRO!

Ubatuba, a cidade na primeira metade do século XX. Detalhe: a casa do Padre João  (Arquivo histórico)

                Do barco do padre? Claro que me lembro, Iolanda! Era a década de 1960 que estava no fim, quando eu via o Tio Nelson e o Tio Salvador fazendo daquele barco a casa deles. Eu adorava ficar nele quando estava fundeado nas águas da Fortaleza, a praia onde morávamos. Achava fantástico aquele porão que parecia o interior de uma casinha. Acho que dormi ali algumas vezes. O nome do barco? Maria Silla, em decorrência de uma ação de filantropia. Era assim que o Frei Pio conseguia os recursos para as suas ações sociais junto ao povo caiçara. Jovens italianos e locais (Agostinho, Anita, Serafina, Franca, Aristeu...) vieram prestar seus trabalhos voluntários e marcar nossas comunidades. Ele atendia todas as comunidades das praias do lado norte do município. Também atendia as ilhas, onde os trabalhos da ASEL (Ação Social Estrela do Litoral) eram de muita valia. Havia ainda bases de atendimento na Praia da Ponta Aguda e no Sertão da Quina, na porção sul.
                Antes do Frei Pio, na década de 1930, outro religioso, vendo a realidade carente dos pescadores-roceiros, encabeçou ações semelhantes. Era o Padre João (Johannes Beill), o alemão. Na sua casa funcionava uma fábrica de tamancos e de beneficiamento de madeira (caxeta) para a fabricação de lápis. Ele também tinha um barco, fomentou a construção de capelas nas diversas praias e criou a escola de pesca na Ilhabela. A casa paroquial daquele tempo, ainda com características da arquitetura alemã, continua na Avenida Iperoig, em Ubatuba. É onde hoje funciona uma sorveteria, mas pertence à Paróquia Exaltação da Santa Cruz. Está alugada.  Infelizmente, a eclosão da Segunda Guerra Mundial ocasionou a política de afastamento das áreas costeiras dos imigrantes alemães, japoneses e outros. O medo das autoridades era que, por serem compatriotas, dessem apoio aos aliados do Eixo em caso de desembarque em terras brasileiras.

                Tantas histórias... Tanta gente que foi e é solidária com o meu povo!
                 Ah! Agradeço ao Odaury e outros da nossa terra que vão postando as imagens inspiradoras. Grande abraço!

Um comentário:

  1. Olá José Ronaldo. Estou pesquisando mais dados sobre vida e obra do padre Joahnnes Beill. Se tiveres mais dados ou indicares onda possa conseguir, por favor envie para nelsonadamsfilho@gmail.com Agradeço.

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