quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Entrevista no Camburi (IX)


Genésio: “Quando cheguei na cabeça do lajeado, do cimentado, tem um corte de picada que eu tirei que é pra pessoa passar por cima quando o rio tá cheio. Tem uma madeira. Aí, que fiz eu? E vem ele atrás de mim tocando pandeiro (pac –repapac-repapac-repapac-repapac...)e cantando, né? Mas eu nada de pegar a música.  Nada, nada. E tocando pandeiro e cantando. Toca o pandeiro que não tinha assocado, mudo, surdo, né? Veio vindo. Ele atrás de mim veio vindo, veio vindo, veio vindo... que, quando eu cheguei na encruzilhada assim, eu arriei encostado à pedra para entrar para cá. Eu tinha um boné branco, aí eu encolhi a cabeça aqui pra trás. Aqui; assim. Ele veio vindo. Quando ele viu o bico do meu boné, aqui, ele voltou de marcha à ré, para trás, cantando.  Aí eu digo assim: ‘Meu Senhor Jesus: e agora? Como é que vai ser? Para mim falar isso, eu vou passar como mentiroso porque não tem quem vai acreditar nisso’. Ninguém acredita! Ainda mais a turma hoje! ‘Não vão acreditar’. Aí eu comecei a fazer um pedido a Deus: que aparecesse uma pessoa para que visse o acontecimento que tava acontecendo, para que quando eu falasse ele confirmasse que ele viu também. Comecei a pedir a Deus no parar do claro. E aí já foi dando a sombrinha da tarde...foi dando a sombrinha da tarde... Aí o senhor sabe que nisso eu olhei para trás, aonde tem a guritazinha, aonde os senhores entraram para cá; aonde tem a gurita, no ponto do ônibus que eu mandei fazer ali para as crianças que saem daqui –os estudantes - , eu olhei o Isaías que vinha subindo; o meu sobrinho que vinha subindo pra cima; da praia pra cima. Eu disse assim: ‘Ó meu Senhor Jesus! Graças a Deus que o Isaías vem aí agora!’. Aí o Isaías chegou pra mim (ele tem o costume de tomar a benção); aí ele chegou: ‘A benção, tio Genésio’. Aí eu abençoei a ele. E ele foi e disse assim: ‘ Titio, o que tá acontecendo?’. Eu digo assim: ‘Isaías, meu filho, o que tá acontecendo é isso assim, assim, assim, assim. Eu já tô algumas horinhas aqui. Vim de Ubatuba, não é? E tô aqui apurado; tá me acontecendo isso aqui assim: duas vezes o cidadão apareceu. Eu pensei que fosse você pela primeira vez. Encostou na pedra -  aquela pedra grande ali. Desapareceu.  Eu olhei, procurei, não encontrei ninguém. Acabando que, na segunda vez, me apareceu um cidadão que nem o Sadraque, o filho do Alaísio, o meu sobrinho também. E agora ele desapareceu –que eu meti o pau nele, o cacete nele -, desapareceu. Agora apareceu de novo e está com um pandeiro, cantando. Só não divulgo a música que ele tá cantando’. Ele disse assim: ‘Aonde tá?’. Eu digo assim: ‘Tá no caminho’. Quando eu digo tá no caminho, esse menino diz: ‘Ah, tio Genésio! Tá lá ele com o pandeiro na mão!’. O Isaías: ‘Tá lá ele com o pandeiro na mão!’. Eu digo assim: ‘Isaías, meu filho, tem o ouvido mais novo do que eu: escuta pra ver se compreende a música que tá cantando. Que ele tá cantando... eu não sei que música, não compreendo. Agora, que ele tá cantando tá’. Aí ele passava de um lado para outro. Aí não desceu mais para baixo. Aí nós dois parado  cá embaixo no caminho; e ele passando de um lado para outro: pac-repapac-repapac-repapac... e cantando! E cantando! O Isaías: ’É verdade, tio Genésio!’. Eu: ‘Faz tempo que estou aqui. Tô, meu filho, já faz um tempinho que eu tô aqui’. Bom! Nós que tava ali, aí foi dando a sombrinha; foi dando a sombrinha  da tarde. Daqui o Isaías disse assim: ‘Tio Genésio, permanece três! Em vez de ser um, permanece três! E vem vindo aqui  pra baixo!’. Veio, veio, veio, veio... chegou até nós. Quando chegou até nós, era a Débora, minha sobrinha. Era o Sadraque, meu sobrinho, que parecia ele que tava fazendo a micagem lá, e, o Nico, da Alícia –da Alícia Rosa! -, que vinham para a igreja evangélica cá embaixo. Eu digo assim: ‘As crianças, vem cá: vocês não viram ninguém com um pandeiro na mão agora?’. ‘Não, tio Genésio, nós não vimos nada’. ‘Vocês não viram um cidadão cantando ali, com um pandeiro na mão?’. ‘Não’. Aí eu contei o caso para os meninos”.

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